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A SUCESSÃO NAS EMPRESAS

04/06/2019

“ É preciso ter coragem para olhar a empresa familiar e verificar se permanece o desejo de manter o vínculo societário”

 

Eu e você devemos viver por mais tempo e com maior dinamismo. E muitos desejam permanecer trabalhando, ainda que a idade permita uma aposentadoria. Assim, as empresas familiares vivem um grande desafio: planejar a sucessão. Vale destacar que, segundo o IBGE, 90% dos negócios brasileiros são familiares.

 

Quanto mais ativo e dinâmico é o fundador, mais desafiador se torna o processo de sucessão, pois permanecer no trabalho é um elemento de sua identidade, como ser humano produtivo e colaborativo.

 

No entanto, a sucessão se faz necessária, pois é preciso passar o bastão adiante. Por que não fazer isso enquanto se está em condições de conduzir todo o processo?

 

O complicador é a própria complexidade do processo, pois envolve questões emocionais, legais, patrimoniais e administrativas. Não basta ter conhecimento, experiência de vida e apoiar-se no sucesso financeiro do negócio.

 

É necessário elevado grau de maturidade e flexibilidade, a fim de lidar com possíveis perdas: de poder, de identidade e, até mesmo, de lucros imediatos.

 

Mas o processo não precisa, necessariamente, ser doloroso. Há formas mais profissionais de organização, como acordo de acionistas, instauração de conselho de administração e profissionalização da gestão através da governança corporativa.

 

A racionalidade das finanças não é suficiente para que ocorra um saudável processo sucessório.

 

Devem ser considerados os sentimentos das pessoas, já que, a partir da segunda geração em diante, há sócios que não se escolheram mutuamente e pode, simplesmente, não existir o desejo de manter o vínculo societário.

 

Para uma sobrevivência saudável das empresas, é necessária a existência do que o direito define como affectio societatis: a afeição, o desejo de permanecer junto.

 

É preciso ter coragem para olhar a empresa familiar e verificar se permanece o desejo de manter o vínculo societário. É necessária maturidade do fundador para ouvir e acolher as escolhas de cada herdeiro.

 

Um caminho possível é profissionalizar a gestão, deixando que os herdeiros permaneçam donos, com direito a voto, mas sem gestão, para que haja a manutenção dos vínculos familiar e societário.

 

Diversas possibilidades podem ser aplicadas de acordo com cada realidade familiar e empresarial.

 

Em pleno Século 21, o interessante é conhecer, escolher, tentar inovar e reinventar formas, principalmente diante de um negócio de sucesso para perpetuar-se no tempo.

 

Artigo publicado em: 04/06/2019

Site: www.opopular.com.br

Melina Lobo
Conselheira de Administração e Consultiva de Empresas

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