O CUSTO DA DESCONFIANÇA
27/11/2019"A desconfiança atravanca a economia, eleva custos e gera insegurança nas relações”
Talvez você não saiba, mas os países ricos tendem a ser aqueles nos quais os cidadãos confiam mais uns nos outros, a exemplo da Suécia. Já nós, brasileiros, estamos entre as pessoas mais desconfiadas do planeta e esse comportamento acaba gerando um alto custo nas relações, quer sejam elas no mundo dos negócios ou fora dele.
A desconfiança gera medo e desperta o pior processo emocional do ser humano, que é o egoísmo: pensar mais no meu próprio bem-estar do que no dos outros.
Se desconfio de você, exijo garantias e elas elevam o custo da negociação. No Brasil, temos os avais, fianças pessoais/bancárias e o excesso de burocracia, como as cópias autenticadas e o reconhecimento de assinaturas. Todos são testamentos de desconfiança que elevam o custo das negociações.
As pessoas não fazem relações comerciais de forma livre, querem exigências, garantias, tudo fruto da desconfiança! Ela está estampada inclusive nos nossos ditos populares: “Quando a esmola é grande, até o santo desconfia”.
Os economistas notam, de forma muito clara, que a desconfiança atravanca a economia, eleva custos e gera insegurança nas relações, sejam elas empresariais ou familiares. Alimentar o seu oposto, ou seja, a confiança, ajuda a mudar a cultura de um País. Quando vivemos por ela respeitamos as regras, as leis e não apenas quando um sensor ou uma câmera está nos filmando, mas sustentamos uma postura ética e respeitável, que nutre essa disposição.
E não se trata aqui de simplesmente ser obediente. Obedecer é diferente de respeitar. Obedecer é fazer um acordo com uma pessoa e cumprir o combinado se ela estiver observando. Respeito é cumprir o que foi acordado, independentemente da pessoa checar o que foi realizado. Isso vale para relações, para empresas, para a vida de qualquer cidadão.
Nutrir relações de confiança é essencial para o sucesso corporativo. Pessoas que confiam são mais produtivas, dão o melhor de si em prol de todos e não agem apenas em função do medo e, consequentemente, do egoísmo.
Tudo o que faz os seres humanos se unirem é bom para a coletividade e tudo o que os divide é ruim para o sucesso econômico das empresas. A velha abordagem da cenoura (recompensas financeiras) e do chicote (punições) está em desuso. Ela alimenta a desconfiança. A nova abordagem corporativa da autonomia e de um propósito nutrem a confiança e auxiliam a empresa a ser mais próspera e produtiva.
Artigo publicado em: 27/11/2019
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Melina Lobo
Conselheira de Administração e Consultiva de Empresas